Dados cada vez mais Abertos no CERN
"O CERN anunciou uma nova política de dados abertos, em linha com os princípios da ciência aberta que visam tornar a investigação mais reprodutível, acessível e colaborativa"
As quatro principais colaborações do LHC (ATLAS, CMS, ALICE e LHCb) endossaram por unanimidade uma nova política de dados abertos, comprometendo-se a tornar públicos os dados cerca de cinco anos após a sua recolha. Os dados a partir de agora tornados públicos (os chamados dados científicos de nível 3) podem ter um papel na investigação em física de partículas ou em computação científica, por exemplo para optimizar métodos de reconstrução ou análise baseados em técnicas de machine learning, e podem ser usados por uma diversidade de grupos (e para uma diversidade de propósitos): cientistas exteriores ao CERN, cientistas de outras áreas, projectos educativos ou de divulgação e público em geral. O software e a documentação necessários para usar os dados também serão partilhados. Como membro da ATLAS e CMS, o LIP faz parte deste novo acordo.
A nova política de dados insere-se no movimento crescente da ciência aberta, que visa tornar a investigação científica mais reprodutível, acessível e colaborativa, e com a qual o LIP também está comprometido. Abrange ainda a divulgação de conjuntos de dados de nível 1 (informações de apoio aos resultados publicados em artigos científicos) e de nível 2 (elaborados para fins educacionais e de divulgação), dos quais já existem amostras disponíveis. Os dados serão disponibilizados no CERN Open Data Portal, que já alberga um conjunto abrangente de dados relacionados com o LHC e outras experiências, e seguirão os padrões FAIR, um conjunto de directrizes que garantem que os dados sejam acessíveis e utilizáveis (findable, accessible, interoperable, and re-usable).
Esta estratégia complementa a política de acesso aberto do CERN, que exige que todos os resultados sejam publicados em acesso aberto. Também está alinhado com a recente actualização da Estratégia Europeia para a Física de Partículas anunciada em junho de 2020. O CERN foi pioneiro no acesso aberto à literatura científica com o consórcio SCOAP3, um consórcio global de bibliotecas, agências de financiamento e instituições de investigação de 46 países e organizações intergovernamentais, que é agora a maior iniciativa de acesso aberto do mundo. Portugal está representado neste consórcio pela FCCN, unidade da FCT responsável pelo Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP). Além disso, o CERN colabora com muitas organizações, como a Comissão Europeia e a UNESCO, em seus esforços para promover práticas de ciência aberta para lá da física de partículas.