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Adeus, Gaia: a missão que cartografou a nossa galáxia chega ao fim

LIP-ECO/André Moitinho/Lígia Breda Melo | 27 Março, 2025

"A missão Gaia da ESA termina após 11 anos a mapear dois mil milhões de estrelas – com forte contributo da ciência portuguesa. "


A 27 de março de 2025, a Agência Espacial Europeia (ESA) desligou oficialmente a missão Gaia, encerrando mais de uma década de operações de uma das sondas mais ambiciosas da história da astronomia.
Lançada em 2013, a missão Gaia foi responsável por um feito extraordinário: o mapeamento em três dimensões de quase dois mil milhões de estrelas da Via Láctea, com uma precisão sem precedentes. Esta cartografia detalhada tem vindo a transformar o conhecimento sobre a estrutura e evolução da nossa galáxia, revelando colisões com outras galáxias, novos enxames estelares, exoplanetas, buracos negros, quasares e milhões de galáxias distantes.
Com o fim das suas operações científicas, Gaia foi colocada numa órbita solar segura, onde permanecerá longe da Terra durante pelo menos cem anos.
 

Um marco para a ciência europeia – e portuguesa

A missão Gaia marcou um momento histórico para Portugal, ao ser a primeira missão científica espacial com participação nacional desde a sua fase de definição. Desde 2006, uma equipa coordenada por André Moitinho, investigador do LIP e professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tem contribuído para o sucesso da missão, envolvendo sete centros de investigação portugueses.
Os contributos portugueses estenderam-se a áreas como o controlo de qualidade de fontes variáveis, reconstrução de imagem de objetos extensos, calibração astrométrica e definição de parâmetros de aquisição de imagem a bordo do satélite. Mais recentemente, o foco tem sido o desenvolvimento de sistemas de visualização e exploração interativa dos dados — como o Gaia Archive Visualisation Service (GAVS), uma ferramenta fundamental para tornar acessíveis os dados da missão à comunidade científica e ao público.
 

Um final meticulosamente planeado

Apesar de a sua missão original ter uma duração prevista de cinco anos, Gaia operou durante mais de uma década. Com as reservas de combustível perto do fim, a ESA optou por uma desativação segura e controlada, garantindo que a sonda não interfere com futuras missões no ponto de Lagrange L2, onde operava.
O processo de desativação exigiu um desmantelamento cuidado dos sistemas redundantes da sonda, desenhados para a proteger e reiniciar em caso de falhas. Após uma última manobra para colocá-la numa nova órbita, a equipa desligou um a um os subsistemas, corrompeu o software de bordo e desativou o sistema de comunicações e o computador central.
 

Um legado que perdura

Embora a sonda esteja agora silenciosa, a missão Gaia continua viva através dos seus dados. A próxima grande entrega está prevista para 2026, e o catálogo final será disponibilizado após 2030. Estes dados continuarão a alimentar descobertas e avanços na astrofísica durante várias décadas.
Para os mais de 1500 membros da equipa que trabalharam na missão, Gaia tem também um valor emocional profundo. Gravados na sua memória de bordo, os seus nomes viajam agora com a sonda pelo espaço — um tributo simbólico a uma missão que ficará para sempre na história da ciência, e da qual Portugal fez parte desde o início.

 

 

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